Rodeio no céu

Diogo Silva da Cruz Maycon dos Santos Bittencourt

*Diogo Silva da Cruz e Maycon dos Santos Bittencourt


Desde pequeno, meu sonho é ser peão de rodeio, pois meu pai também era. Eu não o vi montando, vi somente as fotos. Quando eu era criança, ficava em frente à televisão assistindo aos rodeios, vez ou outra, ia para as festas só para ver as montarias. Eu falei ao meu pai que queria seguir o meu sonho quando crescesse, porém, ele disse que era um esporte muito perigoso e que era pra eu ter outro sonho. Fiquei decepcionado, mas disse para ele me escutar, pois era meu maior desejo. Para completar: minha mãe também era contra.

Quando eu tinha seis anos de idade, havia alguns bezerros na fazenda onde morava. Eles coincidentemente estavam presos, vi ali, então, a oportunidade perfeita. Montei no bezerro, ele deu três pulos. Eu aguentei. Mas quando chegou no quinto pulo, caí. Depois, montei em outro bezerro – não iria desistir até conseguir.

O tempo ou, e eis que surge uma festa de peão em minha cidade. Eu falei para o meu pai que queria participar, todavia, eu ainda era muito novo. No ano seguinte, teve essa competição novamente, fiz minha inscrição e fui participar.

Foi feito o sorteio, eu iria ser o último competidor. Eu estava muito ansioso e com um pouco de medo. O locutor foi chamando um por um dos participantes. Quando chegou minha vez, ele disse: "Lá vem, Diogo Silva Da Cruz, ele é prata da casa, tem apenas dezesseis anos de idade". 

A adrenalina corria em meu corpo, pois quando se está dentro do brete é pura emoção! Abriu-se a porteira e o touro deu o primeiro pulo. A adrenalina subiu para a cabeça. No momento em que o touro está no ar, temos a nítida impressão de que estávamos num avião a muitos quilômetros da terra. Já quando se está no chão, é uma adrenalina parecida com um avião pousando no solo. Aguentei um, dois, três pulos; no terceiro, caí e levei uma cabeçada do boi. Toda arquibancada se calou naquele momento. Meu pai e minha mãe foram desesperados ver se eu estava bem. Quando chegaram até mim, viram que eu estava desacordado. Queria ter aguentado os 8 segundos, pois se sair bem é a mesma emoção de chegar ao solo pousando com o avião. 

Após esse acidente, estou até hoje sem montar, e essa é a minha maior vontade, por que no mundo do rodeio, se acontecer o inesperado, sempre haverá alguém do seu lado para te salvar. 

*Alunos do curso de Agropecuária do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul (IFMS), campus Nova Andradina.

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