Economia & Negócios / Agronegócios
Projeto de lei propõe fim de financiamento público a atividades que geram desmatamento
PL também visa incluir indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais no Conselho de istração do BNDES
Canal Rural
Apresentado pelo deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) nesta quinta-feira (31), o projeto de lei complementar PLP 176/2024 propõe que, até 2045, 100% dos recursos das carteiras de financiamento dos bancos públicos, incluindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sejam destinados a atividades sustentáveis.
A proposta também prevê uma revisão nos recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), istrados pelo Banco da Amazônia (Basa), Banco do Nordeste (BNB) e Banco do Brasil.
O texto do parlamentar, elaborado com apoio do Instituto Escolhas, prioriza o investimento em atividades e cadeias produtivas sustentáveis, restringindo o financiamento para setores que promovem desmatamento ou uso intensivo de combustíveis fósseis.
Crédito com análise socioambiental
O projeto também condiciona a concessão de crédito com recursos dos Fundos Constitucionais à análise prévia do perfil socioambiental do solicitante, gerenciado em um banco de dados do Banco Central, proibindo financiamentos para perfis de médio ou alto risco.
De acordo com o deputado, o PLP propõe, ainda, uma conexão entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e instituições financeiras, que ariam a receber relatórios de desmatamento para avaliar financiamentos em áreas críticas.
Segundo Tatto, nos municípios com maior índice de desmatamento, a concessão de crédito dependerá de autorização expressa do presidente do banco.
“Esse projeto de lei complementar é um o essencial para redirecionar recursos e gerenciar riscos socioambientais e climáticos, proporcionando ao Brasil uma economia de baixo carbono. Para isso, precisamos de uma mudança ousada nas políticas de financiamento. Queremos debater com o parlamento e a sociedade a construção de um marco legal nesse sentido”, afirma o parlamentar.
Lei quer incluir trabalhadores rurais no BNDES
Em 2024, o orçamento dos Fundos Constitucionais de Financiamento atingiu R$ 60 bilhões, de acordo com o diretor executivo do Instituto Escolhas, Sergio Leitão.
“Esse montante deve ser canalizado para as prioridades socioambientais urgentes, apoiando o desenvolvimento de uma economia baseada na restauração da natureza, com geração de emprego, renda e mitigação climática”, argumenta.
Segundo ele, outro aspecto relevante do projeto é a inclusão de indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais no Conselho de istração do BNDES, bem como nos conselhos deliberativos da Sudam, Sudene e Sudeco. Assim, espera-se ampliar a representatividade dessas comunidades na tomada de decisões sobre o destino dos recursos públicos.
“Esse projeto visa interromper o financiamento ao desmatamento e às atividades que impulsionam as mudanças climáticas, além de dar voz aos setores mais vulneráveis da sociedade na definição do uso dos recursos públicos”, diz Leitão.
Cobertura do Jornal da Nova
Quer ficar por dentro das principais notícias de Nova Andradina, região do Brasil e do mundo? Siga o Jornal da Nova nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, Threads e no YouTube. Acompanhe!
